A produção de cacau na Costa do Marfim, maior exportadora mundial da commodity, enfrenta riscos significativos devido à escassez de chuvas e à queda nas temperaturas nas principais regiões produtoras do país.
Apesar de estar em plena estação chuvosa, que oficialmente se estende de abril a meados de novembro, a última semana registrou precipitações bem abaixo da média histórica em diversos polos de cultivo, o que preocupa especialistas e agricultores locais. A irregularidade climática compromete o desenvolvimento da safra principal, prevista para o período entre outubro e março.
Nas regiões do sul, como Agboville e Divo, e no leste, em Abengourou, produtores relataram a necessidade urgente de umidade e incidência solar nas próximas semanas. O déficit hídrico e a nebulosidade persistente já afetam o florescimento e o crescimento das vagens de cacau. Além disso, o frio atípico observado durante o dia e à noite pode comprometer a frutificação e favorecer o surgimento de doenças nas plantações.
A situação se repete em áreas centrais e centro-oeste, como Daloa, Bongouanou e Yamoussoukro. Nesses locais, as chuvas registradas ficaram muito abaixo da média, com impacto direto na formação e secagem dos grãos, comprometendo sua qualidade. Em Daloa, por exemplo, foram apenas 0,9 mm de chuva na última semana, número 18,5 mm inferior à média dos últimos cinco anos.
A média das temperaturas semanais variou entre 23,9 °C e 26,5 °C, dentro de parâmetros considerados frios para o pleno desenvolvimento da lavoura tropical. Diante desse cenário, agricultores alertam que o mês de agosto será determinante para o rendimento da colheita, sendo essencial a retomada de condições climáticas mais favoráveis
Apesar de se apresentarem como defensoras da sustentabilidade no cenário global, as indústrias compradoras de cacau no Brasil praticam uma política contraditória e nociva ao produtor nacional. Em pleno momento de escassez internacional, com riscos climáticos afetando a produção na África, essas empresas seguem impondo deságios injustificáveis, achatando o preço pago ao produtor rural. O contraste é evidente: enquanto propagam compromissos com justiça social, rastreabilidade e comércio ético em vitrines internacionais, aqui dentro adotam práticas que desvalorizam o trabalho de quem sustenta a cadeia do cacau. A retórica da sustentabilidade não pode servir apenas para marketing, ela precisa começar no campo.
Fonte: Cacau Hoje com informações de Reuters
 
				 

 
								 
								