AGRICULTORES DE CACAU NA COSTA DO MARFIM ENFRENTAM DIFICULDADES ENQUANTO GRANDES EMPRESAS DE CHOCOLATE AMPLIAM SEUS LUCROS

Os produtores de cacau da Costa do Marfim, responsáveis por 45% da produção mundial, enfrentam grandes desafios devido às mudanças climáticas e à desigualdade no mercado. Aboude, Costa do Marfim – São 11 horas da manhã em Aboude, uma aldeia no sul do país, e Magne Akoua já trabalha há horas em sua plantação de cacau. […]

Os produtores de cacau da Costa do Marfim, responsáveis por 45% da produção mundial, enfrentam grandes desafios devido às mudanças climáticas e à desigualdade no mercado.

Aboude, Costa do Marfim – São 11 horas da manhã em Aboude, uma aldeia no sul do país, e Magne Akoua já trabalha há horas em sua plantação de cacau. Aos 65 anos, ele caminha com cuidado de árvore em árvore, protegendo-se do forte calor.

“Precisamos inspecionar as frutas todos os dias. A cada três meses, elas amadurecem e podemos fazer a colheita. Mas ultimamente a produção tem sido muito fraca”, relata Akoua.

Ele está no cultivo do cacau há mais de quatro décadas, desde que trocou um cargo administrativo em Abidjan, centro econômico da Costa do Marfim, para cuidar de um pedaço de terra herdado de sua família, próximo à sua cidade natal.

O cacau — planta cujas vagens são transformadas em grãos para fabricar o chocolate — é extremamente sensível às condições naturais.

“Tenho paixão pelo cacau. É o que faço de melhor. Mas não é fácil lidar com ele”, comenta Akoua. “Ele sofre com pragas e precisa de um clima equilibrado entre calor e chuva. Se houver excesso de água, as raízes apodrecem; se faltar, a planta seca. Isso reduz a quantidade de vagens, e menos vagens resultam em menos grãos de cacau.”

Esse cenário tem se agravado nos últimos anos, especialmente na safra mais recente.

Os principais produtores mundiais, Costa do Marfim e Gana, foram duramente impactados pelo fenômeno climático El Niño, que aquece as águas do Pacífico e provoca secas prolongadas na África Ocidental.

Além disso, o aquecimento global e as mudanças nos padrões de precipitação têm comprometido ainda mais as colheitas.

“Há alguns anos, um hectare produzia cerca de 600 quilos de cacau. Agora, mal conseguimos colher 300 quilos”, lamenta Akoua.

Fonte: Al Jazeera

 

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