A indústria moageira de cacau da Costa do Marfim reduziu em cerca de 20% suas compras de amêndoas desde o início do ano. A decisão é uma resposta à redução das margens de lucro causada pela disparada nos preços internacionais do cacau, que encareceu insumos e tornou o processamento menos viável economicamente.
Essa desaceleração nas compras também tem impactado o volume de moagem no país, o que ocorre em meio a uma safra intermediária mais fraca e com grãos de qualidade inferior. As amêndoas da temporada apresentam menor teor de gordura e manteiga, o que limita o aproveitamento industrial e obriga os processadores a reduzir a atividade.
Com margens mais apertadas, a maior parte das unidades industriais está priorizando a operação com estoques mínimos e compras restritas ao consumo imediato. A prática de manter estoques volumosos, comum em anos anteriores, tem sido abandonada diante do atual cenário.
Além do aumento dos custos da amêndoa, a manteiga de cacau extraída dos grãos também se valorizou de forma significativa, dificultando a comercialização. O alto custo do produto final e a menor qualidade da matéria-prima limitaram as vendas, tornando o ambiente ainda mais desafiador para os processadores locais.
Dados do Conselho do Café e do Cacau (CCC) apontam que o volume de moagem no país registrou queda de 7% em abril e 8,5% em maio, refletindo diretamente a retração das atividades industriais. A piora na qualidade do grão também ficou evidente em indicadores técnicos: o índice de ácidos graxos livres (AGL) subiu de 1,75% para 12%, e o número de grãos por 100 gramas aumentou de cerca de 110 para 150, sinal de amêndoas menores e menos produtivas.
Diante desse cenário, os moedores enfrentam dificuldades para repassar os custos elevados aos fabricantes de chocolate e ao consumidor final. O alto preço dos derivados e a percepção de baixa qualidade levaram a uma menor demanda, intensificando a retração nas operações. O setor, que historicamente operava com planejamento de longo prazo, agora atua com estoques ajustados e produção reduzida, como forma de preservar a viabilidade econômica.
Fonte: Cacau Hoje com informações de Reuters
 
				 

 
								 
								