Um estudo recente aponta que o mercado global de grãos de cacau poderá atingir a marca de US$ 20,8 bilhões até 2032, impulsionado por uma taxa média de crescimento anual de 4,9%. O número representa um avanço expressivo em relação aos US$ 13,5 bilhões registrados dois anos atrás, mesmo diante de desafios estruturais e ambientais significativos.
A projeção, divulgada pela consultoria Dataintelo, associa o crescimento ao desempenho do setor de chocolates, especialmente nos segmentos premium, que continuam em expansão. Apesar do cenário econômico instável em algumas regiões em 2024, o apetite por chocolates de maior valor agregado se manteve em alta.
No início de 2025, os preços do cacau nos mercados internacionais chegaram a US$ 12.000 por tonelada, embora tenham registrado queda nos meses seguintes. Ainda assim, os valores permanecem significativamente acima da média histórica de US$ 3.000, refletindo déficits persistentes na oferta global.
Além da valorização da commodity, o estudo aponta uma mudança no comportamento do consumidor, cada vez mais atento a práticas sustentáveis e éticas na cadeia produtiva. Questões como rastreabilidade, comércio justo e origem responsável vêm influenciando a decisão de compra em mercados maduros e emergentes.
A demanda crescente também está relacionada ao avanço de marcas artesanais e à popularização de chocolates com maior teor de cacau, especialmente o chocolate amargo, cuja procura aumentou devido aos seus benefícios para a saúde. O cacau também vem ganhando espaço em indústrias como a de panificação, laticínios e bebidas.
O interesse por bem-estar e alimentação saudável é outro fator de destaque. Rico em flavonoides e antioxidantes, o cacau vem sendo promovido por fabricantes como aliado da saúde cardiovascular e da função cognitiva, impulsionando ainda mais sua aceitação global.
Mercados como China, Índia e Brasil também estão no centro dessa expansão, atraindo investimentos de grandes marcas internacionais e contribuindo para o aumento do consumo de chocolate em escala global.
Entretanto, o setor enfrenta obstáculos relevantes. Os efeitos das mudanças climáticas, como elevação de temperaturas, chuvas irregulares e doenças como o broto inchado e a phytopthora megakaria, vêm afetando seriamente as safras nas últimas três temporadas. A instabilidade climática reduziu a produtividade e aumentou os custos.
Outro desafio persistente é o trabalho infantil nos principais países produtores. Gana e Costa do Marfim ainda concentram cerca de 1,5 milhão de crianças submetidas às piores formas de trabalho no cultivo do cacau. A pressão internacional por condições mais justas e regulamentadas tem impulsionado a busca por certificações e padrões sustentáveis.
O relatório também destaca tendências de inovação como pilares do futuro do setor. Variedades de cacau mais resistentes ao clima, sistemas de rastreamento com blockchain e o uso do cacau em setores alternativos, como cosméticos, nutracêuticos e produtos à base de plantas, devem ganhar força nos próximos anos.
Por fim, o surgimento de alternativas como o cacau cultivado em laboratório já começa a despertar atenção e poderá alterar significativamente as cadeias tradicionais de suprimento no médio e longo prazo.
Fonte: Cacau Hoje com informações de Confectioneryproduction.com
