A crise no mercado de cacau segue se agravando e agora atinge também o pó de cacau, insumo essencial para a indústria alimentícia. Após sucessivos aumentos no preço da manteiga de cacau, que confere textura e cremosidade ao chocolate, os fabricantes agora lidam com uma forte valorização do pó, responsável por boa parte da cor e do sabor característicos do produto.
Utilizado em uma ampla gama de itens, que vai de preparações para panificação a bebidas proteicas, o cacau em pó registrou um salto de aproximadamente 16% nos preços nos Estados Unidos no último ano. Atualmente, o valor do produto gira em torno de US$ 9 mil por tonelada métrica no país, enquanto na Europa os preços superam os US$ 10 mil, aproximando-se de recordes históricos, conforme dados da Commodity Risk Analysis, via KnowledgeCharts.
O cenário representa mais um desafio para os principais fabricantes de chocolate do mundo, cujos custos de produção vêm sendo fortemente impactados. Para lidar com a pressão, empresas têm adotado estratégias como a redução no tamanho das barras, inclusão de ingredientes adicionais, como nozes, e o lançamento de linhas alternativas sem chocolate.
Fabricantes artesanais, como a Raaka Chocolate, de Nova York, também estão sentindo os efeitos da escassez. A empresa relata que o custo do cacau em pó triplicou, afetando diretamente a produção de itens como misturas para chocolate quente e novos produtos em desenvolvimento. A oferta, além de cara, está cada vez mais escassa, obrigando empresas a garantir estoques com antecedência junto a fornecedores internacionais.
Um dos fatores que intensificaram a escassez foi a tentativa da indústria de substituir a manteiga de cacau por óleos vegetais. No entanto, essas alternativas não possuem o mesmo sabor nem a tonalidade, o que tem levado à necessidade de usar mais pó para manter as características sensoriais dos produtos.
Além disso, a queda na rentabilidade da moagem do grão de cacau desestimula os processadores. A manteiga, componente mais lucrativo, chega a custar US$ 8 mil a mais por tonelada do que o pó. Com a redução da demanda por manteiga, o volume de pó disponível também diminui, alimentando o ciclo de escassez.
O aperto no fornecimento e a alta nos preços indicam que o consumidor final deverá continuar sentindo os efeitos da crise, seja no bolso ou na composição dos produtos que chegam às prateleiras.
Fonte: Invest News
 
				 

 
								 
								