O deputado Dr. Jasaw revelou que, até o fim de 2024, Gana acumulou uma dívida de 333.767 toneladas métricas de grãos de cacau junto a compradores internacionais, volume que deverá ser quitado nas próximas safras. A origem desse passivo está associada à queda acentuada na produção do país nos últimos anos.
Na temporada 2023/2024, a produção ganesa recuou para 531 mil toneladas métricas, o menor volume registrado em mais de uma década. De acordo com o parlamentar, a dívida foi contraída com base em um valor de US$ 2.600 por tonelada, enquanto o preço de mercado gira atualmente em torno de US$ 6.600. “Isso representa uma perda potencial de cerca de US$ 4 mil por tonelada para o pagamento da dívida”, explicou Jasaw.
O cenário torna-se ainda mais crítico com o crescimento da demanda interna, que já supera 400 mil toneladas métricas, pressionando ainda mais uma oferta que já se encontra limitada.
Diante do contexto, Jasaw fez um apelo por uma estratégia conjunta entre Gana e Costa do Marfim, os dois maiores produtores de cacau do mundo, com o objetivo de influenciar os padrões e os preços do mercado global. Ele sugeriu a unificação da produção dos pequenos agricultores africanos como forma de fortalecer o poder de negociação do continente. “Essa abordagem tem o potencial de alterar o equilíbrio atual, em que compradores impõem regras que desfavorecem os produtores”, argumentou.
A proposta recebeu o apoio de Alex Assanvo, Secretário Executivo da Iniciativa Cacau Costa do Marfim-Gana (CIGCI), que destacou a importância de alianças estratégicas entre países produtores. Segundo ele, a histórica rivalidade entre Gana e Costa do Marfim no mercado internacional muitas vezes beneficiou apenas os grandes players da indústria. “Quanto mais divididos estivermos, mais força terão os compradores. Unir forças pode ser desafiador, mas é essencial para alcançarmos resultados duradouros e vantajosos”, defendeu.
Assanvo também informou que a CIGCI está em tratativas para incluir Camarões, Nigéria e Libéria na aliança, ampliando o alcance da iniciativa. Ele lembrou que, embora os países africanos sejam responsáveis por cerca de 80% da produção mundial de cacau, detêm apenas 2% da indústria global do chocolate, um desequilíbrio que precisa ser corrigido.
Representando a Confederação das Associações Africanas de Agricultores de Cacau (COFAAA), Nana Yaw Reuben Junior, diretor nacional para Gana, acrescentou que a entidade trabalha para promover práticas agrícolas sustentáveis em paralelo ao fortalecimento econômico. Segundo ele, a COFAAA investirá na capacitação dos agricultores com treinamentos, ferramentas de adaptação climática e sistemas de rastreabilidade. “Queremos preparar nossos produtores para adotar práticas mais sustentáveis, melhorar a qualidade das colheitas e garantir maior retorno no mercado”, concluiu.
Fonte: Cacau Hoje com informações de Confectionery Production e Cocoa Post
