ENQUANTO PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES, ENFRENTAM PERDAS EXPRESSIVAS EM PRODUÇÃO, DESÁGIO COMO ESTRATÉGIA COMERCIAL É IMPOSTA PELAS INDÚSTRIAS PENALIZANDO O PRODUTOR DE CACAU BRASILEIRO

A instabilidade nos preços do cacau persiste no mercado global, reflexo direto das adversidades climáticas e de surtos de doenças que atingem lavouras na África Ocidental,  região responsável por aproximadamente 70% da produção mundial de cacau. Países como Gana e Costa do Marfim continuam enfrentando perdas expressivas nas colheitas, o que tem mantido os preços […]

A instabilidade nos preços do cacau persiste no mercado global, reflexo direto das adversidades climáticas e de surtos de doenças que atingem lavouras na África Ocidental,  região responsável por aproximadamente 70% da produção mundial de cacau. Países como Gana e Costa do Marfim continuam enfrentando perdas expressivas nas colheitas, o que tem mantido os preços em níveis historicamente elevados, apesar das recentes oscilações.

Após atingir a marca de US$ 12 mil por tonelada em dezembro passado, o preço da amêndoa caiu, com contratos futuros negociados em Nova York flutuando em torno de US$ 8.100 por tonelada na última semana de julho. Ainda assim, os valores permanecem bem acima da média da última década, pressionando os custos da indústria e refletindo no bolso dos consumidores.

De acordo com a Organização Internacional do Cacau, os preços voltaram a subir no fim de junho, impulsionados por novas chuvas intensas na África Ocidental que podem agravar o avanço de doenças fúngicas nas plantações. Antes disso, haviam recuado diante de projeções mais otimistas para a produção em Gana e em países da América Latina.

O impacto direto nos consumidores é visível: nos Estados Unidos, o preço médio de uma barra de chocolate saltou de US$ 2,43 em julho de 2021 para US$ 3,45 em julho de 2025,  uma alta de 41%. Paralelamente, o volume de vendas apresentou leve retração de 1,2% no mesmo período.

🇧🇷 Brasil: produtores se mobilizam contra precificação injusta

No Brasil, no entanto, o cenário é ainda mais preocupante para os produtores. Apesar dos altos preços internacionais, os cacauicultores brasileiros denunciam que não estão sendo remunerados com base na realidade do mercado físico atual. Isso as indústrias está utilizando cotações futuras da bolsa de Nova York,  com vencimento em março de 2026,  para determinar os preços pagos hoje, em julho de 2025.

Essa prática, considerada abusiva pela Associação Nacional dos Produtores de Cacau (ANPC), tem imposto um deságio médio de R$ 85 por arroba, o que equivale a R$ 340 por saca. A defasagem não só compromete a renda do produtor, como também provoca queda na arrecadação dos municípios cacaueiros e contribui para o empobrecimento de regiões inteiras que dependem economicamente da lavoura do cacau.

A ANPC lidera uma ampla mobilização nacional exigindo mudanças na forma de precificação, buscando impedir que cotações futuras, distantes até oito meses da data real da entrega do produto,  sejam usadas para desvalorizar a produção brasileira. Para os produtores, o preço deveria refletir a realidade do mercado físico, e não estar atrelado a instrumentos financeiros manipuláveis e descolados da realidade do campo.

Fonte: Conveniente.org e ANPC

Leia mais