A Costa do Marfim, principal produtora mundial de cacau, elevou o preço pago aos agricultores, em meio à previsão de uma safra reduzida, diminuindo um pouco a defasagem em relação às cotações internacionais.
O país definiu o preço mínimo para a safra intermediária, que começou em 2 de abril, em 2.200 francos CFA (cerca de US$ 3,62) por quilo, conforme anunciou o Ministro da Agricultura, Kobenan Kouassi Adjoumani, em Abidjan. Esse valor, equivalente a US$ 3.620 por tonelada, representa um aumento em comparação aos 1.800 francos CFA pagos durante a principal safra anterior.
Apesar do reajuste, o valor ainda é significativamente inferior ao preço global, que gira em torno de US$ 8.450 por tonelada. O sistema de precificação controlada pelos governos da Costa do Marfim e de Gana tem limitado o benefício dos agricultores em relação à disparada histórica dos preços do cacau no último ano.
A longa permanência de preços baixos desestimulou investimentos em lavouras antigas e incentivou o contrabando para países vizinhos, como Libéria, Guiné e Togo, onde o mercado é menos regulamentado e os preços são mais elevados.
Em resposta, Costa do Marfim e Gana — responsáveis juntos por cerca de 50% da produção mundial de cacau — adotaram medidas para coibir o contrabando, como o reajuste no pagamento aos produtores e a intensificação de ações de segurança.
A safra intermediária marfinense deve ser inferior à do ano passado, impactada por um Harmattan severo — ventos sazonais carregados de poeira oriundos do Saara — que prejudicou a floração das plantas e secou as árvores.
O início da colheita também tende a ser mais lento, embora as chuvas previstas para as próximas semanas possam favorecer a produção no final do ciclo.
Tradicionalmente, a safra intermediária é destinada ao abastecimento dos moedores locais, incentivando o processamento interno dos grãos. Em novembro, Gana estabeleceu o preço pago aos agricultores em 49.600 cedis (aproximadamente US$ 3.200) por tonelada.
