Os contratos futuros de cacau encerraram a sessão de quarta-feira (25) em queda, refletindo um ambiente de maior otimismo quanto à recuperação das safras na África Ocidental. Em Nova York, o contrato para setembro (CCU25) recuou 67 pontos, ou 0,76%. Já em Londres, o vencimento de julho (CAN25) teve queda de 41 pontos, equivalente a 0,68%.
Apesar de um início de pregão mais firme, os preços perderam força diante das boas condições climáticas nos principais países produtores da África, como Costa do Marfim e Gana. Chuvas recentes na região elevaram as expectativas de produção, o que limitou os ganhos e pressionou as cotações, que já vinham fragilizadas. Na semana passada, o cacau de Nova York atingiu a mínima dos últimos dois meses e meio, movimento semelhante ao observado no mercado de Londres.
Além do fator climático, o aumento dos estoques também contribuiu para o viés de baixa. Os estoques monitorados pela ICE nos portos norte-americanos atingiram 2.363.861 sacas, o maior volume em nove meses e meio, após tocarem o patamar mais baixo em 21 anos, de 1.263.493 sacas, em janeiro.
Por outro lado, a queda nas exportações da Nigéria ofereceu algum suporte pontual às cotações. Dados divulgados na quarta-feira mostraram retração de 29% nos embarques do país em maio, em comparação ao mesmo período do ano passado, totalizando 14.110 toneladas. A Nigéria ocupa a quarta posição no ranking global de exportadores de cacau.
Preocupações relacionadas à colheita em curso na Costa do Marfim também impactam o mercado. Segundo números oficiais, os agricultores do país enviaram aos portos 1,679 milhão de toneladas desde o início da atual temporada (1º de outubro), alta de 6,9% em relação ao mesmo intervalo do ciclo anterior. No entanto, o ritmo de crescimento é significativamente inferior ao observado em dezembro, quando os embarques aumentaram 35% ano a ano. Informações de mercado indicam que chuvas intensas dificultam o acesso dos produtores às lavouras, comprometendo a colheita da chamada meia-safra.
Embora o excesso de chuvas tenha melhorado o solo, a seca ainda afeta cerca de um terço das regiões produtoras de Gana e Costa do Marfim, de acordo com o Monitor Africano de Inundações e Secas. Essa condição climática, aliada à baixa qualidade da atual safra, gera novas tensões. Processadores relataram rejeição de cargas por conta de grãos com qualidade inferior, especialmente nesta segunda colheita anual, cuja estimativa média foi revisada para 400 mil toneladas, uma queda de 9% em relação às 440 mil toneladas registradas no ano passado.
A retração da demanda global também pesa sobre o mercado. Grandes fabricantes, como a Barry Callebaut, ajustaram para baixo suas projeções de vendas, citando os altos preços do cacau e a incerteza sobre tarifas. A Hershey reportou queda de 14% nas vendas do primeiro trimestre e prevê um impacto tarifário entre US$ 15 e US$ 20 milhões no segundo trimestre. A Mondelez, por sua vez, apontou redução nas vendas de snacks devido à pressão inflacionária e ao custo elevado do chocolate.
Fonte: Cacau Hoje com informações de Barchart
 
				 

 
								 
								