CACAU EM ALTA LÁ FORA, DESÁGIO EM ALTA AQUI DENTRO

  Os contratos futuros de cacau registraram forte alta nesta terça feira (29), alcançando os maiores patamares em três semanas. O movimento de valorização foi impulsionado por preocupações em relação à oferta global, especialmente diante de sinais de desaceleração no ritmo das exportações da Costa do Marfim, maior produtor mundial da commodity. Outro fator de […]

 

Os contratos futuros de cacau registraram forte alta nesta terça feira (29), alcançando os maiores patamares em três semanas. O movimento de valorização foi impulsionado por preocupações em relação à oferta global, especialmente diante de sinais de desaceleração no ritmo das exportações da Costa do Marfim, maior produtor mundial da commodity.

Outro fator de alerta vem das condições climáticas desfavoráveis. Segundo o Centro Europeu de Previsão do Tempo de Médio Prazo, tanto a Costa do Marfim quanto Gana têm enfrentado níveis de precipitação abaixo da média histórica, agravados por altas temperaturas. Esse cenário ameaça o desenvolvimento das vagens de cacau para a colheita principal, que se inicia em outubro.

A volatilidade também é alimentada pelas movimentações especulativas. Informações da ICE Futures Europe indicam que fundos aumentaram suas posições vendidas líquidas em cacau de Londres, atingindo o maior nível em mais de dois anos. Essa exposição pode desencadear ajustes bruscos caso haja necessidade de cobertura de posições.

No entanto, os preços seguem sustentados por dúvidas quanto à qualidade da safra intermediária da Costa do Marfim. Relatos de rejeição de cargas por parte de processadores apontam que até 6% dos grãos transportados estão fora dos padrões desejados, índice significativamente superior ao da safra principal. A baixa qualidade é atribuída à chegada tardia das chuvas, comprometendo o crescimento das plantas.

Apesar do quadro de escassez e elevação nos preços internacionais, produtores brasileiros continuam a enfrentar severas perdas financeiras devido aos deságios impostos pela indústria moageira do cacau. Em contraste com o discurso de sustentabilidade amplamente promovido por essas empresas nos mercados globais, no Brasil, elas têm adotado práticas comerciais que fragilizam economicamente o elo mais vulnerável da cadeia produtiva: o produtor. Essa contradição evidencia um descompasso entre o marketing externo das indústrias e sua conduta real em território nacional, contribuindo para o empobrecimento do setor produtivo e comprometendo os próprios fundamentos da sustentabilidade que alegam defender.

Fonte: Cacau Hoje com informações de Barchart

 

 

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