A Barry Callebaut, maior fabricante global de chocolate e derivados de cacau, anunciou nesta quinta-feira (10) uma nova redução em suas projeções de volume de vendas para o ano fiscal que se encerra em 31 de agosto. A decisão reflete o impacto combinado dos elevados preços do cacau e das incertezas relacionadas às tarifas comerciais nos Estados Unidos, que vêm afetando a demanda por parte dos clientes.
Essa é a terceira vez no ano que a companhia revisa suas expectativas para baixo. A previsão atual aponta para uma retração de cerca de 7% no volume de vendas, número mais expressivo que as estimativas anteriores, que indicavam queda moderada. O movimento ocorre em meio a um ambiente de mercado desafiador, no qual os custos de matéria-prima seguem pressionando os resultados operacionais, mesmo com repasses parciais aos consumidores.
A resposta do mercado foi imediata. As ações da Barry Callebaut registraram queda de 15% nas primeiras horas do pregão, posicionando-se entre os piores desempenhos do índice europeu STOXX 600. Analistas manifestaram preocupação com a capacidade da companhia de manter sua atratividade para investidores no curto prazo.
Lançado em 2023, o plano estratégico BC Next Level, que inclui medidas de redução de custos e desalavancagem financeira, ainda não apresentou resultados expressivos. A empresa estima que os efeitos dessas ações só serão sentidos plenamente entre 12 e 18 meses.
Paralelamente, a meta de crescimento do lucro operacional também foi revisada. A projeção anterior indicava uma expansão de dois dígitos em moeda constante, mas agora a expectativa gira em torno de um crescimento mais modesto, entre um dígito médio e alto.
Apesar de contar com presença sólida nos Estados Unidos, fator que, em tese, atenuaria parte dos impactos tarifários, a empresa reconheceu que houve reflexos negativos causados pela insegurança de seus clientes. Além das grandes multinacionais, a Barry Callebaut atende mais de 1.200 empresas familiares de médio porte, muitas das quais demonstram receio diante do atual cenário de instabilidade econômica e regulatória.
No terceiro trimestre, a companhia registrou uma queda de 9,5% no volume de vendas em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda assim, a receita permaneceu em alta, impulsionada pelo aumento nos preços repassados aos compradores.
O contexto global também impõe desafios adicionais. Enquanto os preços dos contratos futuros de cacau em Londres caíram recentemente com a previsão de maior oferta na América do Sul, especialistas alertam que a produção na África Ocidental, principal região fornecedora mundial, pode sofrer nova retração, possivelmente da ordem de 10%, o que adiciona volatilidade ao mercado e pressiona ainda mais os fabricantes.
Fonte: Cacau Hoje com informações de Reuters
