ÁFRICA OCIDENTAL PODE ENFRENTAR NOVA QUEDA DE 10% NA PRODUÇÃO DE CACAU EM 2025/2026, APONTAM ESPECIALISTAS

Após duas safras consecutivas abaixo do esperado, a produção de cacau nos principais países da África Ocidental pode registrar nova retração na temporada 2025/26. Segundo profissionais do setor consultados pela Reuters, a redução pode chegar a 10%, mesmo diante de uma ligeira melhora nas condições climáticas. A região, composta por Costa do Marfim, Gana, Nigéria […]

Após duas safras consecutivas abaixo do esperado, a produção de cacau nos principais países da África Ocidental pode registrar nova retração na temporada 2025/26. Segundo profissionais do setor consultados pela Reuters, a redução pode chegar a 10%, mesmo diante de uma ligeira melhora nas condições climáticas.

A região, composta por Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões, responde por mais de dois terços do fornecimento mundial de cacau. No entanto, os desafios estruturais seguem pressionando o setor: mudanças climáticas, árvores envelhecidas, surtos de doenças e a expansão descontrolada da mineração artesanal de ouro têm comprometido a produtividade.

Equipes de avaliação de safra, compostas por contadores de vagens e representantes de empresas exportadoras, percorrem atualmente as plantações para mensurar as perspectivas da safra principal, que tem início previsto para outubro.

“Mesmo com a ocorrência de chuvas, observamos índices elevados de mortalidade de flores e vagens jovens, que são determinantes para o desempenho da próxima safra”, relatou um dos especialistas da Costa do Marfim, com base em levantamentos de campo.

Embora os dados consolidados da colheita 2025/26 devam ser finalizados apenas entre o final de agosto e o início de setembro, as análises preliminares já sinalizam uma tendência clara de retração. A baixa produção dos dois últimos ciclos, especialmente em Gana e Costa do Marfim, foi um dos fatores responsáveis pela disparada nos preços internacionais do cacau no último ano. Apesar de alguma estabilização nos valores recentes, os impactos dessa escassez continuam afetando o mercado.

A Costa do Marfim, que há cinco anos superava a marca de 2 milhões de toneladas, deve registrar nesta temporada cerca de 1,6 milhão de toneladas. Já em Gana, a queda é ainda mais acentuada: o país, que ultrapassava a casa de 1 milhão de toneladas, colheu menos da metade disso na última safra. Embora autoridades locais estimem uma recuperação para 600 mil toneladas até o fim deste ciclo, a Organização Internacional do Cacau é mais cautelosa e projeta aproximadamente 500 mil toneladas.

Contadores de vagens ouvidos pela Reuters destacam que os níveis de mortalidade floral na Costa do Marfim ficaram entre 15% e 20% acima das projeções feitas em maio, devendo se manter elevados ao longo de julho. “Não é um número alarmante isoladamente, mas reforça uma trajetória de queda”, observou um técnico marfinense. Em Gana, a perspectiva de recuperação acima das 500 mil toneladas no curto prazo também é vista com bastante ceticismo por especialistas.

Fonte: Reuters

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