Foi oficializada ontem a nomeação do engenheiro agrônomo Thiago Guedes como novo diretor-geral da CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão historicamente ligado ao desenvolvimento da cacauicultura no Brasil. Embora seu perfil técnico desperte alguma expectativa, a nomeação ocorre após um longo período de enfraquecimento da instituição e crescente desconfiança por parte dos produtores.
Damos com exemplo, a gestão de Waldeck Pinto de Araújo Júnior, onde a CEPLAC foi duramente sucateada. A estrutura do órgão foi desmontada, e ações essenciais como a previsão de safra, ferramenta indispensável para o planejamento da produção, foram simplesmente retirada. Técnicos especializados foram desmobilizados, núcleos de apoio local enfraquecidos, e a atuação da comissão se tornou cada vez mais simbólica e distante da realidade do campo.
A situação continuou sob a direção de Lucimara Chiari, que, embora não tenha se manifestado publicamente, atuou internamente através de nota técnica, junto ao deputado relator do projeto contra a tramitação da PL 4107/2019, proposta legislativa que buscava revitalizar a CEPLAC, resgatar seu orçamento e garantir sua permanência como órgão estratégico do Ministério da Agricultura. Sua gestão, assim como a anterior, foi marcada por um distanciamento completo dos interesses dos produtores, enfraquecendo ainda mais o vínculo da instituição com sua base fundadora.
Para muitos, essas gestões representaram um paradoxo: diretores nomeados para proteger a CEPLAC atuando como agentes de sua dissolução silenciosa. Em vez de promoverem sua modernização e relevância, conduziram o órgão a uma situação de quase apagamento, esvaziando sua função técnica e sua presença nos territórios produtores.
A chegada de Thiago Guedes abre uma janela de possibilidade para que o órgão finalmente volte a olhar para quem o criou: o produtor de cacau. A CEPLAC foi concebida como um instrumento de apoio, desenvolvimento e defesa da cacauicultura. Sem esse foco, torna-se apenas mais uma sigla à deriva no aparato público.
Cabe agora ao novo diretor demonstrar se está disposto a romper com a lógica das últimas gestões e devolver à CEPLAC sua vocação original. Caso contrário, a história recente apenas se repetirá, com novos nomes, mas com os mesmos erros.
Fonte: Cacau Hoje
