Em Gana, país reconhecido mundialmente pela excelência de seu cacau, a promessa de prosperidade sonhada pelo Dr. Kwame Nkrumah, nos anos 1960, permanece em dívida com seu povo. Fundada em 1965, a Cocoa Processing Company (CPC-LTD), em Tema, foi concebida com o objetivo de transformar o cacau local em chocolate de alta qualidade, gerando empregos e promovendo independência econômica. No entanto, passadas quase seis décadas, a empresa estatal ainda não conseguiu exportar para os mercados ocidentais, tampouco competir em qualidade, inovação ou marketing.
Enquanto isso, empresas estrangeiras continuam a dominar o setor, comprando grãos de cacau de Gana, processando-os no exterior e revendendo os produtos de volta aos ganenses a preços elevados. A ironia é evidente: mesmo produzindo o melhor cacau do mundo, a população de Gana consome, em média, apenas 500 gramas de chocolate por ano, enquanto alemães e belgas chegam a consumir até 11 quilos por pessoa.
Especialistas apontam que a falta de visão estratégica, aliada à ineficiência política e à ausência de ações de marketing moderno, impede que o país se aproprie do valor agregado gerado pelo seu próprio cacau. A CPC-LTD, gerida por interesses partidários, permanece estagnada, desconectada das exigências do mercado global e da nova realidade digital.
Enquanto isso, marcas como Coca-Cola e Red Bull demonstram como o poder de sonhar, aliado a ações estratégicas, pode transformar produtos em estilos de vida. Para críticos, o chocolate deve ser mais do que um doce: deve carregar identidade, cultura e orgulho nacional. Afinal, ao contrário do ouro, que um dia se esgota, o cacau, se valorizado e transformado com criatividade, pode ser a verdadeira riqueza eterna de Gana.
Fonte: Cacau Hoje com informações de Modern Ghana
