As plantações de cacau em Gana enfrentam uma grave ameaça. Até dezembro de 2024, cerca de 30 mil hectares foram devastados por atividades ilegais de mineração. A denúncia foi feita por Dr. Randi Abbey, diretor executivo do COCOBOD (Conselho Nacional do Cacau de Gana) durante uma conferência parlamentar realizada na capital.Segundo Abbey, outros 50 mil hectares correm o risco de serem igualmente destruídos. Ele alertou que a mineração artesanal ilegal tem reduzido drasticamente a área cultivável, impactando a produção nacional e a renda dos agricultores.
A situação é tão crítica que países como Japão e membros da União Europeia planejam, a partir de setembro, testar os grãos de cacau ganenses para detectar possíveis contaminações por metais pesados. Em resposta, o COCOBOD ( Conselho Nacional de Gana), está implantando um moderno laboratório no Centro de Controle de Qualidade, em Tema, com o objetivo de realizar esses testes internamente antes da exportação.
Abbey também anunciou que a entidade irá propor alterações na Lei de Proteção Econômica (ARFCB47-1979), com medidas mais rigorosas contra o corte de cacaueiros sem justificativa legal. A proposta prevê penas mais severas e multas mais pesadas para os infratores.
Atualmente, a cadeia do cacau em Gana emprega diretamente cerca de 2 milhões de pessoas, além de gerar 5 milhões de postos de trabalho indiretos.
Durante o evento, o ministro de Terras e Recursos Naturais, Emmanuel Armah Kofi Buah, declarou que o governo pretende apoiar parlamentares na criação de cooperativas comunitárias de mineração legalizada. As cooperativas receberiam licenças e auxílio para obter concessões, como forma de combater a mineração ilegal com alternativas sustentáveis.
O ministro também alertou para a dimensão do problema: das 288 reservas florestais ganesas, 44 estão sob forte ameaça, o que equivale a cerca de 7.500 hectares, uma área comparável a campos de futebol oficiais. Além disso, os níveis de turbidez da água, que deveriam ficar entre 0 e 500 NTU, estão atualmente entre 5.000 e 12.000 NTU, indicando um grave impacto ambiental.
Reforçando o compromisso do presidente John Mahama, o ministro defendeu ações firmes para enfrentar o problema na raiz, com foco em identificar e expor os financiadores da mineração ilegal.
A conferência, cujo tema foi “Restaurando uma cultura de mineração em pequena escala responsável em Gana”, reuniu parlamentares, agências governamentais e organizações da sociedade civil. O objetivo foi equipar os representantes com instrumentos para promover mudanças efetivas em seus distritos e combater a prática predatória que ameaça o futuro do cacau no país.
