JOVENS NIGERIANOS RETORNAM AO CAMPO PARA CULTIVAR CACAU, MOTIVADOS PELA ALTA DOS PREÇOS

A expressiva valorização do cacau nos mercados internacionais, entre 2023 e 2024, está provocando uma transformação silenciosa no interior da Nigéria. Atraídos pela possibilidade de lucro, milhares de profissionais urbanos estão abandonando suas carreiras para investir no cultivo do fruto, especialmente na região sudeste do país. É o caso de Anyoghe Akwa, natural de Ikom, […]

A expressiva valorização do cacau nos mercados internacionais, entre 2023 e 2024, está provocando uma transformação silenciosa no interior da Nigéria. Atraídos pela possibilidade de lucro, milhares de profissionais urbanos estão abandonando suas carreiras para investir no cultivo do fruto, especialmente na região sudeste do país.

É o caso de Anyoghe Akwa, natural de Ikom, uma das principais áreas produtoras de cacau. Formado em engenharia civil e com carreira consolidada na construção civil, Akwa decidiu voltar às suas origens após constatar que o cultivo do cacau estava se tornando extremamente lucrativo. “Vi jovens sem formação universitária ganhando mais do que nós, que estávamos na academia. Isso me fez repensar meu caminho”, afirma o agricultor, que na época cursava um doutorado.

O fenômeno não é isolado. Em 2023 e 2024, a Associação de Produtores de Cacau da Nigéria registrou mais de 10 mil novos filiados, a maioria homens que passaram a ser conhecidos como os “meninos do cacau”, novos agricultores impulsionados pelos preços recordes da commodity.

Em Ikom, as terras agrícolas pertencem majoritariamente às comunidades locais, e o acesso a elas segue tradições ancestrais. Membros da comunidade podem solicitar um lote por meio da oferta simbólica de vinho, alimentos e cerca de 5.000 nairas (equivalente a US$ 3). Akwa herdou parte de suas terras do pai e adquiriu mais por meio desse sistema, ampliando sua produção.

Na última safra, colheu quatro sacos de cacau. O primeiro foi vendido por 800.000 nairas (cerca de US$ 500) e os demais chegaram a 1,2 milhão de nairas por saco, valor que, sozinho, superou o que recebia anualmente como engenheiro civil.

O salto nos preços tem como pano de fundo a crise de abastecimento enfrentada por grandes produtores como Costa do Marfim e Gana, que respondem por metade da produção global. Com isso, o preço da tonelada de cacau saltou de US$ 2.200–2.500 em 2022 para quase US$ 11.000 em dezembro de 2024, segundo dados da Organização Internacional do Cacau.

Esse movimento vem mudando a paisagem agrícola da Nigéria e reacendendo o interesse pelas atividades rurais como uma alternativa econômica viável e lucrativa. O desafio agora é garantir que esse crescimento seja sustentável e beneficie de forma ampla os produtores locais.

Fonte: Cacau hoje com informaçoes Reuters.

 

 

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